terça-feira, 1 de setembro de 2009

Sintomas de alergia ao leite podem diminuir com exposição

Estudo mostra que crianças alérgicas ao leite podem superar a alergia se tomarem doses crescentes do alimento

Em 2008, pesquisadores do Hospital Infantil de Baltimore “Johns Hoopkins Children's Center” relataram que crianças com alergias graves ao leite poderiam alterar seu sistema imunológico se consumissem, gradualmente, quantidades cada vez maiores do alimento. De acordo com essa pesquisa, uma das alternativas para controlar a alergia é consumir, regularmente, leite e produtos lácteos. A pesquisa foi publicada na revista Journal of Allergy and Clinical Immunology.

Nesse estudo, os pesquisadores acompanharam o desenvolvimento de 18 crianças, dos seis aos 16 anos, nas quais os sintomas desapareceram ou diminuíram durante este período. Quando 13 das 18 crianças retornaram a clínica, depois de aproximadamente um ano e meio, seis delas deixaram de ter reações após ingerirem 480 gramas do alimento, quantidade duas vezes maior em comparação a testes realizados em estudo anteriores. O restante consumiu uma quantia menor de leite, e acabou tendo reações leves, como pruridos na boca, urticária, espirros e dores de estômago. Apenas uma das crianças precisou de medicação para tosse, segundo uma nota de imprensa publicada no Hospital.

Os pesquisadores também acompanharam crianças que não podiam beber mais do que 75 gramas de leite por dia. Todos eles seguiram ingerindo esta mesma quantidade, diariamente, mesmo tendo as reações leves citadas anteriormente. Os autores do estudo evidenciaram que duas das crianças passaram a ser mais tolerantes ao alimento testado: podiam beber mais e tinham menos sintomas.

"Agora nós temos evidências de outros estudos, em que algumas crianças obtiveram sucesso em seu tratamento, livrando-se da alergia mesmo sem exposição diária, enquanto que em outras a alergia volta se elas cessarem a exposição regular ao leite", disse o autor Dr. Robert Wood, diretor do departamento de Alergia e Imunologia do Johns Hopkins Children's Center. "Isso pode significar que alguns pacientes se curam das suas alergias enquanto que em outros o sistema imune se adapta a exposição regular ao leite. Estes últimos podem, de fato, precisar da exposição para continuarem tolerantes".

Os pesquisadores também testaram a alergia ao leite utilizando testes na pele (skin-prick) um teste padrão de alergia alimentar. Entre oito e 15 meses após o estudo, sete das crianças testadas não apresentavam mais sintomas. Os níveis sanguíneos de anticorpos IgE leite, que indicam alergia, aos poucos diminuíram, enquanto a IgG4, um anticorpo que indica imunidade a um alérgeno, aumentou. Os autores também encontraram que a prevalência dos sintomas alérgicos continuou diminuindo com o passar do tempo.

As famílias envolvidas nessa pesquisa mantiveram registros diários do consumo de leite e de produtos lácteos e registraram os sintomas decorrentes. Durante os três primeiros meses o consumo provocou reações durante quase a metade do tempo. Ao terminar o sexto mês, as reações ocorreram em 23% do tempo, enquanto algumas crianças não relataram reações.

A alergia ao leite é a mais comum das alergias alimentares. Três milhões de crianças norte-americanas têm alergia a algum um tipo de alimento, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (Centers for Disease Control and Prevention).

Para os alérgicos, as proteínas do leite fazem com que o sistema imunológico reaja, trazendo uma série de sintomas que podem variar de urticária, comichão, inchaço e vômito a anafilaxia (reação alérgica potencialmente fatal, que ocorre após exposição a uma determinada substância já conhecida pelo organismo), nos casos mais graves.

Autor: Stéphanie Marcon - Equipe SIS.Saúde
Fonte: HealthDay

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