Um
plano foi elaborado para tentar conter casos de um tipo de tuberculose
resistente a medicamentos em 53 países europeus, em um problema
descrito pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como "alarmante".
A infecção é maior no leste da Europa,
enquanto no oeste do continente, Londres tem o maior índice de
ocorrências da doença entre as capitais.
A OMS estima que há 81 mil casos do tipo
resistente de tuberculose por ano na Europa, embora muitos países
apresentem falhas nos diagnósticos.
O plano pretende aumentar os
diagnósticos e os acessos a tratamentos. Especialistas dizem que
ele tem o potencial de economizar 120 mil vidas, além de vários bilhões
de dólares, até 2015.
Problema europeu
A Rússia, a Ucrânia e o Azerbaijão estão entre os países com a maior incidência da doença.
Os casos de tuberculose no Reino Unido estão concentrados nas grandes cidades. Há 3.500 casos em Londres por ano.
Em 2009, foram registrados 58 casos do
tipo resistente da tuberculose no país. A resistência pode aumentar
caso os pacientes não sigam a medicação à risca.
Ibrahim Abubakar, especialista em
tuberculose da Agência de Proteção à Saúde britânica, diz que, "embora
os números gerais sejam baixos, a tendência é de aumento nos casos na
última década".
– Não podemos ser complacentes. O custo
de administrar cada caso pode ser aumentado para várias centenas de
milhares de libras. Enquanto uma pessoa está infectada, outras podem
pegar a tuberculose. Os grandes números no leste europeu representam
uma falha na tomada de ação.
O especialista pede que médicos e centros de atendimento estejam vigilantes para detectar possíveis casos.
A tuberculose é uma infecção contraída
pelo ar que, embora tenha tratamento, ainda é fatal em cerca de 7% dos
casos. Quase metade dos pacientes que contraem a forma resistente a
medicamentos da doença acabam morrendo.
No Brasil, segundo dados do governo
federal, a tuberculose é a terceira causa de mortes por doenças
infecciosas e a primeira entre pacientes com Aids.
A OMS elogiou o serviço britânico para
tratar da doença, que utiliza uma van com equipamento portátil de
raio-X para examinar moradores de rua e dependentes de drogas.
Ogtay Gozalov, do escritório europeu da
OMS, diz que "todos nós podemos estar expostos à tuberculose, e não
apenas as populações vulneráveis, como os imigrantes e os
prisioneiros".
– Se os Estados-membros não agirem agora, pode haver uma situação dramática no futuro.
Coquetel
A advogada inglesa Anna Watterson
contraiu o tipo resistente de tuberculose enquanto estudava Direito e
morava no noroeste de Londres.
Ela afirma ter se recuperado totalmente, mas perdeu um ano de estudos e passou quatro meses no hospital.
– Eu tinha uma tosse que não acabava
nunca, perdi peso e tive sudorese noturna. Eu visitei meu médico de
família algumas vezes, mas não havia suspeita de tuberculose devido ao
meu retrospecto e à minha idade - eu estava na faixa dos 20 anos.
Ela conta que, assim que entrou no hospital, começou com o tratamento básico com três medicamentos.
– Mas, seis semanas depois, veio a
notícia deprimente de que nenhum deles havia funcionado. Com o novo
coquetel de remédios, fiquei me sentindo mal. Eu tive hematomas por
injetá-los, e um dos efeitos colaterais era sensibilidade com o sol.
Sendo uma ruiva de cor pálida, isto me obrigava a sair de luvas na rua
durante o verão.
Fonte: SIS Saúde
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