sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Vasectomia não pode ser banalizada

A cirurgia para sua reversão ─ recanalização dos condutos deferentes ─ é mais complicada e trabalhosa que a vasectomia

Um alerta aos homens jovens, especialmente na faixa de 18 a 24 anos: a vasectomia não pode se tornar uma cirurgia corriqueira. Visando desencorajar a esterilização precoce, o Conselho Federal de Medicina (CFM) acaba de baixar resolução com normas técnicas para a cirurgia de esterilização masculina.

Segundo o Conselho, o médico que se propuser a realizar este tipo de cirurgia terá de estar habilitado também para reverter o processo, pois o paciente pode se arrepender posteriormente e, em muitos casos, a reversão não será possível.

O conselheiro Edvard Araújo, coordenador da Comissão do Médico Jovem do CFM, alerta que "o percentual de insucessos é grande quando um homem pretende refazer sua capacidade de ser pai, por isso a vasectomia não pode se transformar em procedimento massificado".

Dados revelam que 17% se arrependem ao longo da vida, especialmente por alterações psicológicas e emocionais. Segundo Araújo, o ato médico de esterilização cirúrgica masculina "não é apenas um procedimento de esterilização, mas um ato mais complexo que exige cuidados não previstos em lei”. Daí a preocupação de que o médico que realizou a vasectomia esteja apto também a outros tipos de intercorrências e à reversão do procedimento.

Para assegurar maior segurança aos pacientes, o CFM estabeleceu o prazo de 60 dias entre a vontade manifestada e a realização da cirurgia, para que o homem possa amadurecer sua decisão. Este prazo é considerado importante para a conscientização dos homens sobre os vários métodos de contracepção disponíveis.

O Conselho ressalta ainda que antes de se submeter à vasectomia, o paciente deve buscar informações completas sobre o procedimento, procurar um médico devidamente habilitado e considerar todas as repercussões da esterilização e suas consequências, como a necessidade de uma reversão.

Segundo o médico urologista, Mario Delgado, a reversibilidade da vasectomia envolve muita confusão. A vasectomia é reversível sim, porém a taxa de sucesso da cirurgia de reversão pode variar muito, dependendo do caso. Por exemplo: caso o homem tenha se submetido à vasectomia há mais de 5 anos, a chance de sucesso com a reversão é bem menor que se ele tivesse feito a cirurgia há 2 anos. Além disso, a cirurgia de reversão é muito mais delicada e deve ser realizada em ambiente hospitalar, sob anestesia troncular, com a utilização de material microcirúrgico, incluindo microscópio.

“Quando me perguntam se a vasectomia é reversível, minha resposta imediata é não”, comenta Delgado. Tecnicamente, é possível recanalizar o vaso deferente com o uso de instrumentos que ampliam a imagem, porém, muitas vezes, mesmo com o retorno do espermatozóide ao sêmen, nota-se uma nítida dificuldade de ocorrer a gravidez. Isto acontece por formação de anticorpos antiespermatozóide produzidos pelo próprio homem após a realização da vasectomia.

Assim, segundo Delgado, a vasectomia pode ser o melhor método anticoncepcional, mas somente para casais absolutamente convencidos de que realmente não quererem ter mais filhos. Se não existir essa convicção, é preferível optar por outros métodos anticoncepcionais.

Autor: sis.saúde
Fonte: Scientific American

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