quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Aquecimento Global e o futuro impacto na agricultura do Brasil


Rio Grande do Sul será o Estado com o menor prejuízo na produção agrícola




De acordo com o Quarto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (2007), o aquecimento global é inequívoco, e há mais de 95% de certeza que a causa é extrínseca. As atividades humanas apresentam um efeito principal no aquecimento com mais de 90% de certeza.
Em um estudo realizado por Sanghi e Mendelsohn, em 2008, os autores realizaram um modelo preditivo para simular o impacto do aquecimento global na agricultura do Brasil. A estimativa, segundo esses autores, é que ocorra um aumento das temperaturas no Brasil entre 1,5 e 3,5° C até o ano de 2100, com precipitações de chuvas ampliando-se em 8%, o que ocasionará perdas anuais da agricultura entre 1% e 39% e prejuízos na ordem US$ 0,1 a 7 bilhões até o final do próximo século.

Considerando a possibilidade média do aumento da temperatura no País em 2° C e precipitações de chuvas em 7%, a figura abaixo revela os possíveis prejuízos nas diversas regiões do país, estimados para o ano de 2100.




Figura 1: Aquecimento no Brasil estimado para o ano de 2100
Fonte: Sanghi e Mendelsohn, 2008.

Observamos que os cerrados (meio-oeste) brasileiros (cores laranjas e vermelhas) serão as regiões com maior perda de produtividade agrícola, com prejuízos anuais de até 39%, o que representa em torno de US$ 7 bilhões. Na Amazônia e estados vizinhos, embora possam ocorrer prejuízos devido à elevação da temperatura global, a menor quantidade de áreas agrícolas limitará a magnitude dos danos.

Contudo, é interessante notar que os estados do Sul, especialmente o Rio Grande do Sul (cores azuis), apresentará os menores prejuízos na agricultura em conseqüência da elevação da temperatura, por possuir climas mais amenos. As perdas anuais, no Rio Grande do Sul, foram estimadas em 1% ao ano, US$ 0,1 bilhão até o ano de 2100.

Embora o estudo apresentado desenvolva um modelo preditivo, foi baseado em teorias de base conceituadas e em estimativas confiáveis do aumento da temperatura no Brasil para o ano de 2100. Desse modo, podemos levar em conta a validade e a confiabilidade dos resultados apresentados. No entanto, vale lembrar que o modelo enfoca apenas os possíveis aumentos na temperatura do país e precipitações de chuvas sem levar em conta as possibilidades de desastres climáticos que o aquecimento global possa gerar, como o observado no estado de Santa Catarina no ano de 2008.

De qualquer forma, esse estudo é um alerta à população e às esferas públicas para a possibilidade de diminuição da produção agrícola com o aquecimento global, que poderá encarecer a oferta da alimentação, tendo impactos significativos na saúde da população, tal como o aumento da desnutrição (PATZ et al., 2008).


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Referências

PAINEL INTERGOVERNAMENTAL SOBRE MUDANÇA CLIMÁTICAS DAS NAÇÕES UNIDAS. Climate Change 2007: Climate change impacts, adaptation and vulnerability - contribution of working Group II to the Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Disponível em www.forum-posquioto.org/index.php. Acessado em 19 jan. 2009.

PATZ, J. A. et al. Disease emergence from global climate and land use change. Medical Clinics of North America, v. 92, n. 6, p. 1473-1491, nov. 2008.
SANGHI, A.; MENDELSOHN, R. The impacts of global warming on farmers in Brazil and India. Global Environmental Change, v. 18, n. 4, p. 655-665, out. 2008.


Fonte: sis.saúde

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